segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Poker












Eu não tenho apenas um lado,
Eu sou um cubo trocado,
Uma mascara vendida,
Uma paixão comedida,

E à mesa, eu sei,
Interpretar todos os sinais,
Mesmo na miragem de um vil paradoxo,
Que se imaginar que eu sei,
Fica na incerteza,
E se contradiz em si mesmo,
Voltando à pureza.

E no amor, eu não sei,
Acalmar todos os vendavais,
E jogo na incerteza,
Sem mascara, nem presa
Nesta angústia terrena,
Até à sorte deixar,
A paz na certeza.

Mas voltando à mesa,
Onde eu sei,
Que sou rei,
Onde até já violei,
A mais pura donzela.

Onde já espetei o punhal,
No mais fiel dos amigos,
Onde não há medos,

Não temo,
Nem no limite do risco.

Nesse lugar,
Eu renuncio.
E já não escolho,
O sorriso jocoso,
Oferecendo a fortuna,

E um ambiente fraterno,
Para neles ver ,
Um sorriso nos lábios...


Pois sou eu que fico,
Com o Poker de Ases.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Citações


Everyone Must See This! - video powered by Metacafe

Pascal :

"O homem é ...

Aquele ser que se transcende infinitivamente a si próprio. Aquele misto de contradições , a glória e a vergonha do universo”

Maneiras de ver, maneiras de pensar...














Esta é a história de um bonito quadro a óleo que se encontrava na posse de uma família sueca. Um quadro como qualquer outro, fechado num enorme quarto, desvalorizado, vulgarizado, deixado ao sabor de um pesado volume de pó. Até ao dia... o dia que a familia precisou novamente de se tornar solvente. Foi então, nesse momento de aflição, que decidiram vender o quadro por aquilo que a bondade de um qualquer comprador pudesse oferecer - uns tostões - o que fosse era bem-vindo para malbaratar aquela bujiganga guardada há tanto tempo. Foi assim que correram todos os estabelecimentos de arte possíveis e imaginários, mas por "malapata", nenhum dos "connaisseurs" deu qualquer valor àquela inútil pintura.

E assim, decidiram leiloar aquele empecilho. Estipularam que a licitação mínima seria de 1600 Euros por se tratar de uma simples peça pintada por um dos disciplos de Rubens. Só que para a fortuna daquela família, o quadro foi novamente examinado por especialistas. Estes, chegaram à conclusão que se tratava de um fresco pintado pelo próprio Rubens e não, como se pensava, por um dos seus disciplos. O resultado foi o de um aumento, não de cem porcento , nem sequer de mil porcento da obra, mas uma subidinha de 1600 para 1,8 milhões de euros (licitação final). O quadro estrangeiro mais caro, vendido na Suécia.

Nos dias que correm, as pessoas não querem saber da obra em si mesmo. Só do valor que lhe é dada. E não só do seu valor económico, mas também se estão nas tintas para o seu valor artistico ou real. O que quer dizer com isto o autor ? Quer dizer que andam ai muitos "pseudo-connaisseurs", talvez 99.9% da população, que dizem que gostam disto ou daquilo, que respeitam este ou aquela autor, simplesmente pelo peso do seu nome e não pela importância ou pelo gosto que nutrem pela sua obra. A realidade é como diz o proverbio : " Ganha fama e deita-te a dormir".

A maioria pessoas não querem saber da beldade da arte, limitam-se a tentar descortinar, com base nos poucos conhecimentos história de arte que tem, o que está por detrás do quadro, ou o que ele faz lembrar em termos histórico-culturais.

Na prespectiva daquele que escreve, há duas maneiras de ser apreciado um fresco. Ou se tem grandes conhecimentos sobre arte (não é o caso do critico, nem da maior parte das pessoas), e então, fala-se e contesta-se sobre ela. Ou então, a única maneira de se apreciar arte é atravês da nossa imaginação e do nosso gosto. Pois, se formos sabedores por termos estudado, por alguém nos explicar o quadro, ou por termos ouvido uma gravação, podemos compreender o que lá está ; o que está por detrás da pintura e do pensamento do autor, e então, estaremos a ver um filme com legendas. De outra forma, esquecemos a base histórica do quadro e submetemo-nos à nossa imaginação. Apreciamos o que nos é dado à nossa maneira. Se gostamos, o quadro é bom, se não gostamos, o quadro é mau e assim apreciamos o mesmo filme, mas sem legendas.

A mesma coisa se passa para o vinho, café, fotografia e tudo o resto. Ou se conhece bem, se avalia atravês de padrões ou conhecimentos, ou então, admitimos a nossa ignorância e dizemos que gostamos simplesmente por o facto de gostar (por mil e uma coisas que não, criticas superficiais). O problema é que a maioria das pessoas não o faz, limita-se a dizer que a obra "x" de Picasso faz lembrar-lhe o seu período Rosa ou que muitas das inspirações de Miguel Angelo são provenientes da obra de Dante, ou o raio que o parta!

E neste caso, o que aconteceu foi que ninguém apreciou o quadro, mas agora, todos vão dizer que o quadro fazia lembrar uma enorme comoção barroca, que é uma obra de excelência e terá provávelmente uma sobrevalorização por simplesmente ser daquele e não doutro autor.

O autor acha simplesmente triste darem mais valor ao artista do que à obra. Um artista pode pintar algo bom e nunca mais o fazer. Tal como o café de Angola ter potencial para ser o melhor do mundo e nem sempre o ser pela maneira como é trabalhado. Bom, mas assim vai o mundo...

domingo, 10 de dezembro de 2006

Há metafisica bastante em não pensar em nada...
















































mas o tempo continua a fugir.


Se tanto me dói que as coisas passem (Sophia de Mello Breyner)

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Filhos de Lisboa

















Esta é a homenagem de um eterno apaixonado à mulher mais fiel que alguma vez teve ou terá. Aquela que deu à luz, os filhos mais pródigos que o mundo alguma vez pode sonhar - Lisboa.

Eis que surge a filha mais velha. Aquela que merece destaque, lisonjeada com o primeiro lugar, por sem dúvida, ter sido, a mais firme e a mais fiel. Mas sobretudo, por ter levado, não só o nome desta terra, mas também deste país, aos quatro cantos do mundo, apenas e só, com o dom que Deus lhe deu.
Não posso acabar este escrito sem ainda referir que, Amália, ela própria, prestou tributo à nossa cidade cantando inúmeros fados, fazendo um elogio directo a Lisboa.

Amália Rodrigues - Lisboa


Eu nasci numa cidade que em verso
Escreveu alguém, que foi berço
Dos caminhantes do mar
Ah, vivi entre pardais e andorinhas
E gaivotas ribeirinhas
Que andam no céu a cantar!


Ai, Lisboa

Terra bem nobre e leal
Tu és o castelo da proa
Da velha nau Portugal
Ai, Lisboa
Cheiram a sal os teus ares
Deus pôs-te as ondas aos pés
Porque és tu a rainha dos mares!

Foi ali que pra brincar com o demônio
Veio até nós Santo Antônio
Que tão asceta insular
Eu abri nos brandins do airado
Uma voz feita ao fado
Nesta canção popular

Outros fados (excepção feita aos fados em que faz um elogio indirecto ou apenas a uma determinada zona)

Amália Rodrigues - Lisboa A Noite
Amália Rodrigues - Lisboa Antiga
Amália Rodrigues - Lisboa Dos Milagres
Amália Rodrigues - Lisboa Em Festa
Amália Rodrigues - Lisboa Não Sejas Francesa
Amália Rodrigues - Fado Lisboeta
Amália Rodrigues - Fado Alfacinha
(...)

Estranha forma de vida? Talvez não.

Efeito Marionete














Chegou o autor enfurecido a casa pois alguém se lembrou de dizer : " Olha hoje não fazes isto assim, fazes assado, senão não tens direito ao brinquedo" . Claro que ouvindo estas palavras o mesmo ficou pior que estragado, mas mesmo inconformado, sabia, que desta vez, era melhor comer e calar.
No entanto, veio na mesma para casa estudar o assunto, pois não é seu hábito ficar subjugado a uma vontade terceira, seja ela qual for, não tanto por motivos de interesse mas mais por motivos de orgulho. Por fim, o caso ficou, como sempre, com alguma arte e algum engenho , bem resolvido. Em última análise, a escolha entre o orgulho e o interesse terá sido do autor. Mas também nessa mesma pormenorizada examinação, o visado ficou dependente dessa vontade terceira pois se ela não existisse não teria de perder uma das duas.

É neste ponto que o escritor deste blog teve a percepção da extensão do emaranhado de cordas a que todos estamos sujeitos. Não, ele não é assim tão "naíf" ao ponto de nunca se ter apercebido, porém ficou mais maçado do que é habitualmente. Não é que o autor queira estar isolado do mundo, mas também não quer viver nesta livre prisão de cordas. O que quer o autor, é, como todos os outros, estar na maioria das situações, do lado de quem puxa os cordelinhos, para não ter de perder este sentimento de orgulho ferido. É obvio, ele apresentar o conhecimento, de que, com o auxílio de um estilo mais cinista e manipulador não perderia muito provávelmente o referido sentimento... mas essas "qualidades" (?) não fazem parte do seu feitio... antes quebrar que torcer.

É neste contexto e sabendo que em qualquer tipo de relação - profissional, amorosa, negocial, familiar, política (...) - isto acontece, o autor vem encarecidamente pedir , uma ou duas opiniões, a um ou outro leitor que se ache mais exclarecido, sobre o comportamento adquado a utilizar nestas situações. No fundo a pergunta é esta e apenas esta :
Como é que a marionete se liberta das cordas sem se magoar ?
Porventura será mais fácil libertar-se nas relações familiares e amorosas pelo facto do factor amor ter uma dimensão maior do que o factor orgulho. Mas e nas outras ?

O próprio escritor terá sem dúvida em si a resposta pois nunca acumulou nenhuma mágoa. Talvez por viver a vida de forma ligeira ou leviana no sentido mais estrito do termo. Mas o mesmo escritor, tem medo de algum dia consumir uma tal mágoa que se transforme mais tarde em ira ; uma ira que terá de ser libertada e ferir, senão dizimar alguém. O autor não quer isso.
Por isso tem medo da marioneta. Muito medo.


A conclusão a que chega o autor é que todos os dias a marionete é ao mesmo tempo ela própria e puxador de cordas. Mas um dia talvez se torne importante e tenha de puxar demasiadas cordas, correndo o risco de fazer uma espiral de emaranhados, caindo num turbilhão de problemas e num estado de tumulto ou desordem, que só vai querer voltar a cair nas teias da rede e voltar a ser uma simples marionete.

domingo, 3 de dezembro de 2006

A doce alucinação de uma melodia














Foto : Museu d água (amoreiras)

É com muito agrado e alguma tristeza que anuncio o novo brinquedo deste blog. Agrado pois, a partir do dia de hoje, para além do ilustre visitante poder fazer uma leitura deste blog, vai também ter o previlégio de ouvir música enquanto o lê. No entanto, é um previlégio mitigado, pois o autor queria partilhar com os amigos e outros leitores, músicas de diversas culturas mas sobretudo as da nossa pátria. Porém, reitero que é com alguma triteza que vos informo o facto da base de dados de onde retirei a "jukebox" conter pouquíssima música nacional. Ela é composta maioritáriamente por música comercial e dos tops da mtv. Considera o escritor, que apesar disso, será possível separar o trigo do joio e fazer uma caixinha de música em condições.

O autor, antes de acabar mais este gatafunho, quer saudar com uma palavra de agradecimento, o seu amigo André pela ajuda dada na inserção da "jukebox" no blog mas também aproveitar para divulgar o seu prestigiante blog - http://dm6.blogspot.com/ .
Por último, contemplar o leitor, com a selecção que teria feito, caso houvesse um vasto rol de melodias à disposição. A envolvente música da minha Lisboa - O Fado, o meu destino.

Fado :
Amalia Rodrigues - Cheira bem, cheira a Lisboa
Amalia Rodrigues - Ai Mouraria
Amalia Rodrigues - Tudo isto é fado
Amalia Rodriguies - Uma Casa Portuguesa
Tony de Matos - Coimbra
Tony de Matois - Lisboa à Noite
Tony de Matos - Tu é que és a tal
Francisco José - Guitarra toca baixinho
Francisco José - Olhos Castanhos
Rodrigo - Cais do Sodré
Maria de Fátima Bravo - Voces sabem lá
Maria de Fátima Bravo - Canção da Costeirinha
Carlos do Carmo - Os putos
Carlos do Carmo - Poetas de Lisboa
Carlos do Carmo - Lisboa menina e moça
Carlos do Carmo - Bairro Alto
Herminia Silva - Casa da Mariquinhas
Herminia Silva - Fado da sina
Herminia Silva - Lisboa Antiga
Vasco Santana - Fado do Estudante
Vicente da Camara - Tranças Pretas
Mariza - Deserto


e o favorito do autor
Carlos do Carmo - Flor de Verde Pinho

Espero que a música encante o vosso espírito.

sábado, 2 de dezembro de 2006

No limite da inteligência















No próximo dia cinco de dezembro, um servidor com quatro processadores, equipado com uma tecnologia desenvolvida ao longo de quinze anos, vai defrontar o campeão mundial de xadrez - Vladamir Kramnik.

Como conseguirá então, um simples homem, vencer a máquina, quando esta calcula entre oito a dez milhões de posições possiveis de jogadas em apenas um segundo ? Quando é apesentada uma base de dados, com quase todas, senão todas as possibilidades de jogadas conhecidas. Quando uma equipa de técnicos e conhecedores de xadrez a prepararam para ser invencível.

Será que Vladamir Kramnik vai conseguir fazer o que o mítico Kasparov não foi capaz de fazer ?

É que para além de toda a eficácia de Deep Fritz (a máquina), de todas essas vantagens, também acaba por não ter desvantagens. Isto é, passado horas de jogo não acusa nervos nem cansaço. Não está limitada por sentimentos acumulados até à hora da partida de jogo. A um stress pré, durante e pos jogo.

Portanto, o autor deste blog considera que nestes eventos sensacionalistas, para além da preocupação monetária inerente, também há uma ridicula procura por um super-homem. Apesar, da inteligência tal qual como fisico, ser um conjunto de mecanismos que pode ser treinado e aperfeiçoado, de ser um músculo que se for estimulado pode chegar muito para além do que aquilo que era ínicialmente ; tem um potencial, mas um potencial limitado. Pode crescer mas tem uma zona, um limite, um tamanho que não pode ser transposto. Logo, há uma fronteira inultrapassável. E portanto, mesmo o atleta de alta competição, por mais bem treinado que esteja, tem sempre um limite. E essa baliza não vai concerteza transcender-se ao ponto de vencer uma criação minuciosa trabalhada, durante vários anos, por centenas de especialistas. Isso seria, em última análise dizer ao mundo que há homens que nascem naturalmente muito mais evoluídos e capazes do que outros ou com um potencial extraordinário capaz de se desenvolver na caixa minuscula que é o nosso cérebro.

Talvez por o ego do autor persistir em não acreditar em génios ou em sobredotados, por persistir a crença do homem limitado à sua própria circunstância, que continua a achar que Deep Fritz nunca vai ser consecutivamente vencido.

De qualquer forma, o evento não deixa de ser interessante, principalmente se se chegar à conclusão que o campeão esteve em algum momento em vantagem.